
Orestes Golanovski, o maior doador de sangue do mundo, faleceu no início da noite desta sexta-feira (14) no Hospital Erasto Goestner de Curitiba (PR). Ele havia sido levado para Curitiba nesta manhã, pois havia passado muito mal durante toda a noite de quinta-feira.
Porém mesmo recebendo todos os cuidados médicos no hospital, acabou falecendo. Aos 73 anos, Golanovski lutava contra um câncer nos pulmões desde 2009.
O corpo do maior doador de sangue do mundo deverá ser transladado para Canoinhas ainda nesta noite, e deverá ser velado na Câmara de Vereadores de Canoinhas.
Orestes Golanovski foi reconhecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o Maior doador de sangue do Brasil e também do mundo. Ele iniciou sua trajetória pela causa da doação de sangue em 1958, quando doou sangue pela primeira quando estava no Exército, no Rio de Janeiro. Ao voltar para Canoinhas depois do serviço militar, ele continuou sua luta em favor da doação voluntária.
Naquela época não existia banco de sangue na cidade, por isso os médicos antes de alguma cirurgia ou um parto, por exemplo, tinham seus conhecidos que se disponibilizavam a doar. Orestes então virou um coringa das doações. Além de doar, ele começou a procurar pessoas que se disponibilizassem a fazer o mesmo. Ele tinha muita dificuldade para conseguir voluntários, pois muitos, como até hoje têm medo de doar. A obstinação de Orestes era tanta que as pessoas começaram a não saber como dizer não a ele. Durante sua luta em favor da doação voluntária, Orestes enfrentou diversas situações inusitadas. Uma delas foi quando se mobilizou a comprar uma geladeira para o hospital público mantido por religiosas em Canoinhas, para que tivessem como armazenar o sangue recebido. Juntamente com alguns amigos se dispôs a fazer um espetáculo de equilibrismo em um circo para obter o dinheiro da geladeira.
Em outra ocasião, por volta da década de 1970, Orestes deu outra lição de vida. Tinha acontecido uma festa na cidade e dois rapazes brigaram. Eles se esfaquearam. Foram levados ao hospital e precisavam de sangue. Orestes doou duas bolsas, uma para cada. Na maca, os dois ainda continuavam a brigar e Golanovski disse para eles agora vocês não podem mais brigar, vocês são irmãos, têm o mesmo sangue, encerrando a discussão.
Em outra ocasião, uma mulher teve hemorragia durante o parto. Orestes doou o que podia, mas ela precisava de mais. Então, ele procurou outro doador habitual. Chegando até a casa do possível doador, esse resolveu cobrar para dar seu sangue. Revoltado, ele procurou novas pessoas, sem sucesso. A família da paciente decidiu pagar. Voltando à casa, o homem resolveu pedir mais dinheiro. Aí ele ficou mais revoltado ainda e resolveu doar novamente, disse. Nesta época, Orestes desconhecia o que diziam as determinações sobre a doação. .
Dados
Nos anos 1980, Orestes começou o que pode ser considerado o embrião da Adosarec. Ele fez um quadro de doadores, onde reunia contatos e nomes de possíveis doadores. Quando acontecia algum problema, lá ia Orestes atrás de doadores. Na época, a iniciativa fracassou, por falta de infraestrutura. Mas, no final do mês de novembro de 1991, nascia a Associação dos Doadores de Sangue de Canoinhas e Região.
Atualmente a Adosarec tem 4080 doadores cadastrados fidelizados e atende não só a cidade como municípios do interior e até de outros Estados, como o norte do Paraná. A associação organiza grupos e os leva de micro-ônibus para as cidades que necessitam de doadores. Tudo sem custo algum para a família. A organização também não depende de verbas do Estado, conta com doações e campanhas feitas por voluntários.
Atualmente, Canoinhas carrega o título de Capital Catarinense dos Doadores Voluntários de Sangue. Segundo a associação, a OMS (Organização Mundial de Saúde) prevê que 2% da população seja doador de sangue, sendo que no Brasil o índice cai para menos de 1%, mas, em Canoinhas os números ultrapassam a casa dos 6%.
Dedicação
Esse resultado é reflexo do esforço de toda a vida de Orestes. Mesmo lutando contra o câncer, Golanovski nunca deixou de permanecer à frente do projeto, como presidente da associação. Para ele a Adosarec era a sua vida, e mesmo ele não a tendo mais, com certeza seu legado vai permanecer vivo para sempre, como o sangue que corre nas veias de milhares de pessoas atendidas pelos seus feitos.
Assista a última entrevista de Orestes Golanovski concedia ao Programa Portal SC do SBT/SC
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=Npcrbl4bU8s
Fonte: Portal de Canoinhas
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